sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O segredo da felicidade de Chiara Luce


Escrito em co-autoria com Fábio Régio Bento

No sábado passado, dia 25 de setembro, mais de 20.000 pessoas, sobretudo jovens, vindos de todas as partes do mundo, se encontraram em Roma para festejar o reconhecimento da santidade de vida de uma jovem italiana, Chiara Luce (Clara Luz) Badano, falecida aos 18 anos por um tumor nos ossos. Uma vida, a de Chiara Luce, aparentemente simples, sem nada de extraordinário, comum aos jovens de sua idade: a escola, o esporte, as reuniões de final da tarde com os amigos na praça da pequena cidade onde ela vivia. Contudo, quando a grave doença é diagnosticada, algo de surpreendente acontece. Chiara Luce, após momentos de inevitável decepção, raiva diante da notícia que interrompe bruscamente seus projetos, seus sonhos e que a distanciaria sempre mais de uma vida ordinária, é capaz de reagir, de aceitar a doença e de transformá-la no segredo de uma felicidade profunda e douradora que espalhou ao seu redor até o final de sua vida.

Qual foi o segredo que tornou a experiência de Chiara Luce mundialmente conhecida? Aos nove anos de idade, junto com seus pais, Chiara Luce participou de um encontro mundial de famílias, o Family Fest, organizado pelo Movimento dos Focolares. Ali, ela aprendeu que o evangelho pode ser vivido, e que havia um Pai que a amava imensamente. Com outras meninas e meninos de sua idade, ela se lança em viver dessa maneira, fazendo do amor seu novo estilo de vida. Por exemplo, no dia do seu aniversário, tendo recebido uma boa quantia em dinheiro, decide doar tudo em prol de projetos de desenvolvimento na África. Com seus colegas de escola, nunca falava de Deus, pois ela queria transmiti-lo por meio de suas ações, do seu amor atento e delicado.

Amava praticar esporte, principalmente o tênis. E foi justamente jogando tênis que a doença se manifestou. Uma dor aguda lhe fez cair a raquete da mão. Era o início de uma longa e dolorosa doença que lhe tirou o uso das pernas e a obrigou a longos períodos no hospital. Após dois anos de tentativas, a medicina não tinha mais o que fazer, e Chiara Luce voltou para casa. O pai de Chiara, no dia da beatificação de sua filha revelou que foram dois anos especiais, a realidade era de dor, mas o amor de Deus os mantinha como que em um nível mais elevado onde o amor que eles experimentavam era mais forte. Chiara Luce, no início de sua doença, num diálogo silencioso de 25 minutos com aquele Pai do qual se sentia amada imensamente, conseguiu dizer seu sim e acreditou que a doença se tornaria um instrumento de santificação, um caminho especial por meio do qual poderia doar a todos a realidade de felicidade e Luz que experimentava dentro dela.

Os médicos ficaram impressionados pela sua coragem, pelo amor dado a quem ia visitá-la. Jovens e adultos saiam daquele quarto revigorados pela certeza da presença de Deus amor que eles viam nos olhos luminosos de Chiara Luce. Ela recusou a morfina, não obstante as fortes dores na coluna. O motivo por ela alegado é que lhe tirava a lucidez, e ela queria ficar lúcida para oferecer perfeitamente as dores que sentia.

Com sua melhor amiga, preparou o seu funeral, escolhendo as músicas, as flores, a roupa de noiva que ela vestiria naquele dia, que queria fosse tão belo quanto uma festa de núpcias. Mesmo sofrendo, continuava a menina alegre de sempre, brincava com seus pais, com os amigos, gravava mensagens para se fazer presente nos encontros do movimento, já que não podia mais participar fisicamente. No seu quarto, assim como no seu coração, cabia o mundo.

No último dia, quando percebeu que o momento de sua partida estava se aproximando, pediu para a mãe que deixasse entrar as pessoas que tinham vindo saudá-la. “Vou tirar o oxigênio para que não se assustem”. Saudou cada um, deixando especialmente para os jovens de sua idade a tarefa de levar para frente o Ideal de sua vida. Por fim, despediu-se de sua mãe. Acariciando-lhe os cabelos, disse: “Mãe, seja feliz, porque eu o sou”. A experiência de Chiara Luce chegou aos 04 cantos do mundo e, também, no mundo virtual, por meio do Twitter, Facebook, Youtube.