quinta-feira, 14 de abril de 2011

Dilma Rousseff participa da terceira cúpula dos BRICS na China


Dia 13 de abril de 2011, quarta-feira, a presidente Dilma viajou de Pequim à cidade de Sanya, na ilha de Hainan, sul da China, onde no dia seguinte se realizou a reunião do grupo dos BRICS. A presidente Dilma transcorreu dois dias na capital chinesa junto com mais de trezentos empresários brasileiros, assinando acordos de cooperação em âmbito econômico e tecnológico.

A visita da presidente Dilma visava também permitir um salto de qualidade nas relações sino-brasileiras que tiveram seu início oficial em 1974. Foram discutidos temas como diversificação nas exportações brasileiras para a China incluindo produtos de maior valor agregado, maior cooperação no âmbito da agricultura, da energia. A China planeja realizar investimentos no Brasil por um valor de 1 bilhão de dólares. Ao lado das relações bilaterais, China e Brasil manifestaram o desejo de uma maior cooperação também nas relações multilaterais no âmbito de grupos de trabalho como o G-20 e o grupo dos BRICS.

O grupo dos BRICS reúne atualmente os cinco maiores países emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que passou a integrar o grupo no ano passado. A entrada da África do Sul foi oficializada nessa cúpula de 2011, onde a sigla inicial do grupo passou de BRIC para BRICS.

A sigla BRIC foi cunhada pelo economista americano Jim O’Neil, em 2001. Em apenas dez anos aquela que parecia ser apenas uma sigla, tornou-se um grupo de grande influência no cenário mundial. Em 2010, o grupo dos BRIC contribuiu por mais de 60% do crescimento econômico global. O comércio entre os membros do grupo cresceu a uma média anual de 28% entre os anos de 2001 a 2010.

A cúpula de Sanya foi, portanto, a primeira para África do Sul, cuja presença garantiu maior representatividade em nível mundial.
Coincidentemente, este ano todos os cinco países dos BRICS fazem parte do Conselho de Segurança da ONU, mesmo se apenas a Rússia e a China possuem direito de veto. Isso levou os países a ocuparem-se não apenas de temas voltados ao comércio ou crise financeira, mas, também, das crises políticas do mundo atual, com especial atenção ao norte da África e Oriente Médio.

O presidente chinês, durante seu discurso de abertura da cúpula, sublinhou a tendência atual à construção de um mundo multipolar caracterizado pela globalização econômica. A partir dessa constatação, ele lançou uma pergunta: “Como fazer para que o século 21 seja um século tranquilo e pacífico no qual a humanidade possa usufruir de uma prosperidade comum?”. Ele fez questão de lembrar, em vários trechos do discurso, que a paz e a estabilidade são pré-requisitos e bases indispensáveis para o desenvolvimento. O presidente Hu Jintao acrescentou que “os países estão agora mais interconectados e interdependentes do que nunca. O futuro e o destino de um país estão sempre mais ligados aos outros. Trabalhar juntos é servir aos interesses comuns de todos os países”.

Compartilhando a ideia do presidente chinês, Dilma Roussef, no seu discurso, afirmou que “a agenda dos BRICS não se define por oposição a nenhum outro grupo. Queremos agregar. Somos a favor de um mundo multipolar, sem hegemonias nem zonas de influência”. O próximo compromisso da presidente Dilma é participar do Fórum de Boao para a Ásia, uma organização não governamental criada em 1998, com sede na China, que é considerada o correspondente asiático de Davos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Homenagem italiana ao brasileiro Sérgio Vieira de Mello


No dia 15 de março, realizou-se, na cidade italiana de Bolonha, uma cerimônia oficial de dedicação de uma praça da cidade ao diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, nascido no Rio de Janeiro em 1948 e falecido em Bagdá (Iraque), em 2003, liderando uma missão da ONU no país devastado pela guerra.

Participou da cerimônia, além das autoridades municipais, também o Embaixador Lamberto Zannier, Representante Especial do Secretário Geral da ONU e Chefe da Missão das Nações Unidas no Kosovo (UNMIK). Um gesto benévolo, por parte do governo italiano em relação ao Brasil, país com o qual a Itália está tendo algumas dificuldades em relação ao conhecido caso Battisti. No caso da homenagem ao diplomata brasileiro, contudo, não há divergência alguma.

Sérgio Vieira de Mello é reconhecido mundialmente como promotor da paz e defensor das populações mais atingidas pelas guerras. A decisão de homenagear o diplomata foi motivada pela admiração que sempre suscitou este alto funcionário da ONU, dotado de grande cultura, inteligência, generosidade e empenho em favor da paz, da justiça, dos direitos humanos e dos povos. Segundo o representante do município de Bolonha, sede de uma das mais antigas universidades do mundo, “Sérgio Vieira de Mello é um homem que deixou um marco profundo na história das Nações Unidas”.

Filho de diplomata, Sérgio começou a trabalhar na ONU enquanto estudava filosofia na Universidade de Paris, onde o pai tinha se refugiado durante a ditadura militar. Começou a trabalhar junto ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR) na cidade de Genebra, na Suíça. Dali em diante, os países que ele escolhia para exercer suas funções foram os mais caracterizados por conflitos ou pobreza, Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique, Líbano, Camboja, Bósnia, Congo, Kosovo, Timor Leste, e Iraque.

Todos estes países passaram por guerras civis devastadores, onde a inexistência de um governo institucional impedia a garantia de segurança às suas populações. Nessas situações, Sérgio Vieira de Mello incansavelmente procurava promover o diálogo entre todos os atores do conflito, dos ditadores aos rebeldes. No período anterior à sua morte, seu nome estava sendo cogitado para o cargo de Secretário Geral da ONU.

Era a primeira vez que isso acontecia com um brasileiro. Após sua morte, parentes e amigos criaram a Fundação Sérgio Vieira de Mello (www.sergiovdmfoundation.org) para que o legado deixado por esse brasileiro não se perdesse.

Se o Sérgio estivesse ainda vivo, tenho certeza que ele estaria agora na Líbia, empenhado em salvaguardar o direito à vida das populações capturadas mais uma vez pelos horrores da guerra.