O “Presidente Google”, ou o “Google da política”: assim é chamado Barack Obama no ambiente da Internet, onde tantas pessoas trabalharam apaixonadamente para que ele se tornasse o primeiro presidente afro-americano da história dos Estados Unidos da América. Este apelido bizarro foi-lhe dado por causa da extraordinária rapidez com a qual Obama subiu a escada da carreira política, mas, também, pela sua capacidade de usar os conhecimentos tecnológicos como nenhum outro candidato à presidência americana demonstrou possuir. Barack Obama é um presidente americano sui generis, pois não se encaixa nos moldes pré-fixados pela tradicional ortodoxia americana. Contudo, é justamente esta sua peculiaridade que fez despertar em milhões de americanos (e não só) a esperança de que algo novo estava surgindo.
Barack Obama é o presidente das misturas que correm em seu sangue. Conscientemente ou não, isso o tornou mais compreensivo e conciliador. A vida de Obama começou no dia 4 de agosto de 1961, na cidade de Honolulu, no Havaí. Filho de Barack Obama Senior, natural de uma pequena aldeia do Quênia, na África, e de Ann Dunham, americana, branca, nascida em Wichita, no estado do Kansas. Seus pais encontraram-se na Universidade do Havaí. A mãe de Obama estudava antropologia, e o pai - que vencera uma bolsa de estudos que lhe permitiu deixar a África - estudava economia. Mas o casamento durou poucos anos. Eles se separaram quando Barack tinha dois anos. Em 1967, a mãe de Obama casou-se com o estudante indonésio Lolo Soetero. O casal decidiu se mudar para a Indonésia. Barack tinha seis anos. A Indonésia que ele conheceu era a de Suharto, que naquele ano, com um golpe de estado, deu início a uma ditadura que duraria mais de trinta anos. Em Jacarta, capital da Indonésia, Barack Obama freqüentou escolas muçulmanas e cristãs. Obama era filho de muçulmano e, consequentemente, segundo a lei do Islã, era muçulmano. Ele, porém, afirmou em várias entrevistas nunca ter praticado o islamismo. De fato, aos 27 anos converteu-se ao cristianismo. Aos 10 anos, Barack Obama voltou para o Havaí, sob os cuidados dos avós maternos. Aos 18, terminou o ensino secundário e mudou-se para Nova Iorque, onde se formou em Ciência Política na Universidade de Columbia. Após ter trabalhado alguns anos em empresas de Nova Iorque, decidiu mudar-se para Chicago, no estado de Illinois. Ali, de 1985 a 1988, trabalhou como diretor do Projeto Comunidade em Desenvolvimento (DCP), uma associação comunitária religiosa por meio da qual Obama mobilizava grupos negros do bairro industrial de South Side, uma área pobre da cidade de Chicago em busca de melhorias sociais e econômicas. Em 1988, Obama ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard. A sua figura brilhante não passou despercebida. Um dos seus professores de direito, Charles Oglotree, dizia de Obama que “ele não era um daqueles estudantes dos quais só queria-se ler as anotações ou ouvir sua voz. Você queria ouvi-lo pensando. Havia algo de especial nele”. No primeiro ano de Harvard, Obama foi escolhido como editor da revista Harvard Law Review e, no ano seguinte, eleito como presidente da revista, formada por uma equipe de 80 editores. Foi uma conquista importante porque Obama foi o primeiro afro-americano a ser presidente da revista. Em 1991, obteve o título de Doutor em Direito, graduando-se com louvor. Retornou, então, para Chicago onde, em 1992, casou-se com Michelle Robinson, também advogada e formada em Harvard. Até 1996, Obama trabalhou como advogado em defesa dos direitos civis, colaborando com diversas organizações filantrópicas e atuando como docente universitário de direito constitucional na Universidade de Chicago. Durante todos esses anos, ele foi construindo de forma capilar sua base de apoio, o que lhe permitiu, em 1996, ser eleito Senador pelo Estado de Illinois. De lá para cá foi uma corrida só. Ele associou ao tradicional, mas eficaz método do “porta a porta”, o novo instrumento de agregação por excelência da Internet. Mais do que ao seu Partido, ele deve sua vitória ao povo: “Somos os Estados Unidos da América”, exclamou no dia de sua eleição. Tomara que o cosmopolita Obama, representativo da hodierna mistura cultural, consiga reconciliar de fato os EUA com o resto do mundo. Sua vitória já foi um primeiro passo.