quarta-feira, 13 de maio de 2009

Bento 16 - Peregrino na Terra Santa (parte I)

A visita de Bento 16 à Terra Santa teve início sexta-feira passada, dia 8 de maio, e terminará nesta sexta, dia 15. Nesses dias, o papa visitará os lugares santos da história do cristianismo. Na Jordânia, primeira etapa da viagem, o papa já visitou o lugar onde Jesus foi batizado, junto ao rio Jordão. No dia 11, Bento 16 deixou a capital da Jordânia, Amã, rumo a Israel, onde permanecerá até o fim da visita, passando pelas cidades de Jerusalém, Belém e Nazaré. Naturalmente, a viagem de Bento 16 não é uma simples peregrinação. Ele mesmo sublinhou - aos jornalistas que lhe perguntaram sobre o sentido e os objetivos de sua viagem - que se trata não apenas da viagem de um indivíduo, “mas de um chefe da igreja, que não é um poder político, mas uma força espiritual”.

Logo em seguida, Bento 16 evidenciou os três objetivos de sua visita: a oração, porque Deus pode mudar o curso da história se milhões de fiéis o invocam; a formação das consciências, para que os seres humanos sejam capazes de perceber a verdade, livrando-se de visões particulares e abrindo-se aos valores autênticos; e, por último, a racionalidade, porque não sendo parte política, a igreja pode refletir e aprofundar as posições mais racionais. Durante a visita em Amã, ele ainda especificou que veio “simplesmente com uma intenção e uma esperança: rezar para o dom mais precioso da unidade e da paz, mais especificadamente para o Oriente Médio”.

Em Amã, Bento 16 foi acolhido pelo rei da Jordânia, Abdullah II bin Hussein, e sua esposa, que o acompanharam durante a visita. A Jordânia é o único país do Oriente Médio onde os cristãos - que representam 2% da população - são livres de professar a sua fé, construir escolas, igrejas e universidades. Por isso, Bento 16 elogiou a política de liberdade religiosa adotada pelo rei da Jordânia, e seu importante papel de promotor da paz na região. O rei da Jordânia, por sua vez, declarou sua alegria em acolher o papa em sua terra, onde “muçulmanos e cristãos são cidadãos iguais diante da lei, todos contribuindo ao futuro do país”. Hussein sublinhou que viver em paz, confortar os pobres e desesperados, dar esperança aos jovens é o empenho do seu país e a alma de sua comunidade.

Em Amã, o papa visitou também a mesquita Al-Hussein Bin Talai, onde foi acolhido por um grupo de importantes líderes muçulmanos, entre os quais o príncipe Ghazi Bin Muhammad Bin Talai, primo do rei Abdullah. O príncipe Gazi foi o principal inspirador da carta ao papa assinada, em 2006, por 138 representantes muçulmanos de vários países que marcou o início de um diálogo profícuo entre muçulmanos e cristãos, após a polêmica lição de Bento 16 na Universidade de Ratisbona. A visita do papa à mesquita e o diálogo com os líderes islâmicos teve grande repercussão no mundo muçulmano. A etapa de Bento 16 em Israel é certamente a mais esperada e polêmica. Há o temor que esta viagem e as declarações de Bento 16 sejam instrumentalizadas politicamente pelos dois lados em conflito: árabes e judeus.

Os grupos árabes temem que a viagem de Bento 16 torne-se uma vantagem política para Israel. Mas Bento 16 surpreendeu mais uma vez, destacando-se pela originalidade e racionalidade de suas contribuições particularmente nos assuntos mais críticos e pungentes. Dois são os temas cruciais que a opinião pública esperava que Bento 16 enfrentasse em solo israelita: o tema da paz e o da segurança, após o dramático conflito de janeiro passado; e o tema da Shoah e antissemitismo, após as polêmicas declarações do bispo Williamson. Nos dois casos, ele escolheu abordar os dois temas a partir da fé e da escritura.

Ele relacionou a paz à procura de Deus, empenho que deveria ser de todos os líderes religiosos; e a segurança à palavra bíblica “batah”, que significa não apenas segurança, mas confiança: “Uma segurança duradoura é questão de confiança, alimentada na justiça e na integridade, selada pela conversão dos corações que nos obriga a olhar o outro nos olhos e a reconhecer o ‘tu’ como meu semelhante, meu irmão, minha irmã”. Durante a visita ao memorial das vítimas do Holocausto, Bento 16 lembrou o sentido de uma outra palavra bíblica: o “nome”, evidenciando como não é possível tirar o nome de nenhum ser humano, pois os nomes de todos “estão gravados de maneira indelével na memória de Deus Onipotente”.

Um comentário:

camila disse...

Adorei sabe queo papa Bento xvi,foi recebido pelo o povo palestino.Isso na minha opinião mostrou o respeito pela igreja católica.