sexta-feira, 22 de maio de 2009

Bento 16 - Peregrino na Terra Santa (parte II)

Nos últimos dias de sua permanência na Terra Santa, Bento 16 teve oportunidade de encontrar e dialogar com os líderes máximos das comunidades palestina e israelense. Nos dois encontros, o papa fez questão de sublinhar qual é a posição da Santa Sé diante do conflito, ou seja, ela seria favorável à existência dos dois estados, israeliano e palestino. Desse mesmo pensamento, é o jesuíta Samir Khalil Samir, entre os mais escutados pelo Vaticano. Segundo ele, a raiz do conflito não é religiosa nem étnica, mas política. O problema - segundo Samir - remonta à criação do estado de Israel e à repartição da Palestina, em 1948.

Para remediar a injustiça contra um terço da população hebreia, com o holocausto, os governos ocidentais cometeram uma nova injustiça, dessa vez contra a população palestina, inocente em relação ao martírio dos hebreus. Bento 16, durante o encontro com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Abu Mazen, no Palácio Presidencial de Belém, reiterou o seu apoio ao reconhecimento de uma pátria para os palestinos: “A Santa Sé apoia o direito do povo palestino a uma pátria soberana, palestina, na terra de vossos antepassados, segura e em paz com os seus vizinhos, dentro de confins internacionalmente reconhecidos”.

Além de convidar as partes em conflito a abandonar o rancor e a escolher o caminho da reconciliação, pediu à comunidade internacional de não poupar esforços em favor de uma solução dos conflitos, da reconstrução de casas, escolas, hospitais destruídos no recente conflito na Faixa de Gaza. Em Belém, Bento 16 deparou-se com a triste realidade do Muro da Separação, uma barreira de cimento e arame farpado alta com mais de oito metros que separa a cidade de Belém da área de Jerusalém, distante apenas nove quilômetros. O muro foi construído em 2004 por Israel como medida de segurança contra os ataques palestinos a Jerusalém. Mas acabou provocando grandes perdas pelo povo palestino, não apenas do ponto de vista econômico, pelo fechamento de quase 80% do comércio e pela queda do turismo, mas, sobretudo, porque representa uma séria limitação da liberdade dos palestinos que não podem deixar a cidade sem permissão do governo de Israel.

A visita ao local foi um dos momentos mais fortes da viagem de Bento 16. Ele afirmou: “Enquanto o costeava, rezei por um futuro em que os povos da Terra possam viver juntos em paz e harmonia sem a necessidade desse tipo de instrumentos de segurança e separação, mas respeitando-se e confiando um no outro, renunciando a todo tipo de violência e agressão”. Com essas palavras, Bento 16 sublinhou, de um lado, os sofrimentos do povo palestino, mas, de outro, reconheceu a necessidade de segurança por parte de Israel, pedindo aos palestinos para rejeitar o terrorismo.

Dirigindo-se a ambas as partes, disse: “De ambos os lados do muro, é necessário grande coragem para superar o medo e a desconfiança, se deseja-se contrastar a necessidade de vingança pelas perdas e ferimentos. Ocorre magnanimidade para buscar a reconciliação após anos de conflitos armados”. Ele sublinhou que não basta abater os muros de pedra. “Antes de tudo, é necessário remover os muros que construímos ao redor dos nossos corações, as barreiras que levantamos contra o nosso próximo”. No dia seguinte, Bento 16 encontrou-se, na cidade de Nazaré, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, eleito no último mês de abril.

O papa conversou a sós com Netanyahu por 15 minutos, que lhe pediu para condenar as posições iranianas de negação da legitimidade do estado de Israel. O papa atendeu ao pedido israelense no último dia de sua viagem. Durante o discurso de despedida na Terra Santa, no aeroporto de Tel Aviv, ele afirmou: “Não mais efusão de sangue! Não mais conflitos! Não mais terrorismo! Não mais guerra! Rompamos antes o círculo vicioso da violência. Seja universalmente reconhecido que o estado de Israel tem o direito de existir e de usufruir da paz e da segurança dentro de confins internacionalmente reconhecidos. Seja igualmente reconhecido que o povo palestino tem o direito a uma pátria independente, soberana, direito a viver com dignidade e a viajar livremente. Que a ‘two-State solution’, a solução de dois estados, torne-se realidade e não permaneça sonho”. E concluiu com um convite: “Que a paz possa difundir-se nessas terras; que elas possam ser ‘luz para as nações’, levando esperança a muitas outras regiões atingidas por conflitos”.

Um comentário:

Unknown disse...

e bom sabe que o povo palestino recebeu o papa xvi,pois isso prova que o povo esta mais flexivel respeitando a religiões...