No último sábado, dia 1º de agosto, morreu Corazón Aquino, aos 76 anos, mais conhecida como Cory Aquino. Ela foi a primeira mulher a assumir a presidência de um país asiático e liderou com sucesso, em 1986, a revolta política que devolveu a democracia ao povo filipino. Filha de uma família muito rica, após ter estudado nos Estados Unidos, casou-se, em 1954, com Benigno Aquino.
Nos anos seguintes, acompanhou de perto a brilhante carreira política do esposo, desempenhando ao mesmo tempo seu papel de mãe de cinco filhos. Em 1973, o ditador Ferdinando Marcos proclamou a lei marcial e mandou prender seus opositores políticos entre os quais estava Benigno Aquino que ficou preso por sete anos. Em 1980, quando da liberação de Benigno, a família Aquino emigrou nos Estados Unidos, onde permaneceu por três anos. Em 1983, Benigno Aquino e sua família decidiram retornar ao seu país com a esperança de poder vencer as eleições presidenciais previstas para o ano seguinte.
Mas, assim que Benigno desceu do avião, foi assassinado. Em vez de se fechar em sua dor, Cory Aquino decidiu enfrentar o ditador Marcos, organizando um forte movimento de oposição. Com efeito, logo após a morte do esposo, ela declarou: “O que é mais importante é que ele não morreu em vão e que seu sacrifício certamente despertará o povo filipino de sua apatia e indiferença”. O povo filipino decidiu apoiar a coragem dessa extraordinária mulher.
Em 1986, Cory apresentou-se como candidata, disputando a presidência do país contra o regime ditatorial do então presidente Marcos. Diante do sucesso eleitoral de sua adversária política, Marcos procurou manipular os resultados eleitorais e proclamou-se vencedor, apostando sua vitória mais uma vez na repressão militar de seus opositores, e não no apoio popular. Cory Aquino não se deixou intimidar. Escolheu o caminho da não violência e, apoiada pelo então Cardeal Sin, liderou uma revolução diferente, a “revolução dos rosários”, ou, como foi chamada depois, “A revolução do poder popular”. Tal revolução conseguiu conquistar até o exército.
As tropas militares decidiram abandonar o ditador Marcos e apoiar a revolta popular. Cory Aquino governou o país até 1992, atuando politicamente em favor da pacificação do país. Buscou o diálogo com os guerrilheiros comunistas e com os grupos muçulmanos do sul do país, liberou prisioneiros políticos e devolveu a liberdade ao povo filipino, instaurando um regime democrático. Permaneceu firme no governo do país mesmo diante das várias tentativas de golpes de Estado, dirigindo o país de forma honesta, combatendo a corrupção e as tentativas de monopólio de poder por parte das ricas famílias tradicionais do país.
Pela sua atuação política, Cory Aquino foi indicada, em 1986, ao Prêmio Nobel da Paz e recebeu vários reconhecimentos internacionais pela luta em defesa dos direitos humanos e da paz. Mesmo após deixar a presidência do país, não abandonou seus ideais políticos e, em 1997, destacou-se por liderar um novo movimento popular contra o então presidente Fidel Ramos, acusado de querer instaurar uma nova ditadura nas Filipinas.
Nesses dias, vários líderes mundiais homenagearam Cory Aquino, reconhecendo a importância de seu legado político. O presidente Barack Obama evidenciou que “a coragem, a determinação e a liderança moral de Cory Aquino são uma inspiração e mostra o melhor do povo filipino”. A atual presidente das Filipinas, Glória Arroyo, proclamou luto nacional por dez dias. O povo filipino acorreu numeroso diante do corpo de sua líder, que foi muito escutada e amada no país. A ela será dedicado um curso de estudos destinado a lembrar sua incontestável contribuição política em favor da paz e da democracia.
Maquiavel não foi maquiavélico
Há 6 anos
2 comentários:
Cory Aquino foi sem dúvida uma mulher muito destacada para sua época. Atualmente exemplos não nos faltam para evidenciar que as mulheres estão assumindo papeis de liderança e destaque.
No Brasil, nós mulheres, já competimos com igualdade com o sexo masculino. Equilibramos salários desiguais, ocupamos postos de trabalhos que antigamente pertenciam aos homens e até jogamos futebol com qualidade.
Cory Aquino será sempre lembrada pelo seu povo pela luta e determinação da mulher em busca de seu ideal.
Eu acho muito bonita histórias de superação de mulheres, pois nesse mundo tão machista q ainda vivemos, esses exemplos acabam me dando mais força para seguir em frente para realizar meus sonhos,mesmo sendo mãe, esposa e mulher acima de tudo.Hoje me sinto muito feliz pois a universidade é apenas o primeiro passo para a minha vitória.
rose.smr@hotmail.com.
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