quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O povo filipino despede-se de sua amada Cory Aquino

No último sábado, dia 1º de agosto, morreu Corazón Aquino, aos 76 anos, mais conhecida como Cory Aquino. Ela foi a primeira mulher a assumir a presidência de um país asiático e liderou com sucesso, em 1986, a revolta política que devolveu a democracia ao povo filipino. Filha de uma família muito rica, após ter estudado nos Estados Unidos, casou-se, em 1954, com Benigno Aquino.

Nos anos seguintes, acompanhou de perto a brilhante carreira política do esposo, desempenhando ao mesmo tempo seu papel de mãe de cinco filhos. Em 1973, o ditador Ferdinando Marcos proclamou a lei marcial e mandou prender seus opositores políticos entre os quais estava Benigno Aquino que ficou preso por sete anos. Em 1980, quando da liberação de Benigno, a família Aquino emigrou nos Estados Unidos, onde permaneceu por três anos. Em 1983, Benigno Aquino e sua família decidiram retornar ao seu país com a esperança de poder vencer as eleições presidenciais previstas para o ano seguinte.

Mas, assim que Benigno desceu do avião, foi assassinado. Em vez de se fechar em sua dor, Cory Aquino decidiu enfrentar o ditador Marcos, organizando um forte movimento de oposição. Com efeito, logo após a morte do esposo, ela declarou: “O que é mais importante é que ele não morreu em vão e que seu sacrifício certamente despertará o povo filipino de sua apatia e indiferença”. O povo filipino decidiu apoiar a coragem dessa extraordinária mulher.

Em 1986, Cory apresentou-se como candidata, disputando a presidência do país contra o regime ditatorial do então presidente Marcos. Diante do sucesso eleitoral de sua adversária política, Marcos procurou manipular os resultados eleitorais e proclamou-se vencedor, apostando sua vitória mais uma vez na repressão militar de seus opositores, e não no apoio popular. Cory Aquino não se deixou intimidar. Escolheu o caminho da não violência e, apoiada pelo então Cardeal Sin, liderou uma revolução diferente, a “revolução dos rosários”, ou, como foi chamada depois, “A revolução do poder popular”. Tal revolução conseguiu conquistar até o exército.

As tropas militares decidiram abandonar o ditador Marcos e apoiar a revolta popular. Cory Aquino governou o país até 1992, atuando politicamente em favor da pacificação do país. Buscou o diálogo com os guerrilheiros comunistas e com os grupos muçulmanos do sul do país, liberou prisioneiros políticos e devolveu a liberdade ao povo filipino, instaurando um regime democrático. Permaneceu firme no governo do país mesmo diante das várias tentativas de golpes de Estado, dirigindo o país de forma honesta, combatendo a corrupção e as tentativas de monopólio de poder por parte das ricas famílias tradicionais do país.

Pela sua atuação política, Cory Aquino foi indicada, em 1986, ao Prêmio Nobel da Paz e recebeu vários reconhecimentos internacionais pela luta em defesa dos direitos humanos e da paz. Mesmo após deixar a presidência do país, não abandonou seus ideais políticos e, em 1997, destacou-se por liderar um novo movimento popular contra o então presidente Fidel Ramos, acusado de querer instaurar uma nova ditadura nas Filipinas.

Nesses dias, vários líderes mundiais homenagearam Cory Aquino, reconhecendo a importância de seu legado político. O presidente Barack Obama evidenciou que “a coragem, a determinação e a liderança moral de Cory Aquino são uma inspiração e mostra o melhor do povo filipino”. A atual presidente das Filipinas, Glória Arroyo, proclamou luto nacional por dez dias. O povo filipino acorreu numeroso diante do corpo de sua líder, que foi muito escutada e amada no país. A ela será dedicado um curso de estudos destinado a lembrar sua incontestável contribuição política em favor da paz e da democracia.

2 comentários:

Fernanda Guedes Aguirre disse...

Cory Aquino foi sem dúvida uma mulher muito destacada para sua época. Atualmente exemplos não nos faltam para evidenciar que as mulheres estão assumindo papeis de liderança e destaque.
No Brasil, nós mulheres, já competimos com igualdade com o sexo masculino. Equilibramos salários desiguais, ocupamos postos de trabalhos que antigamente pertenciam aos homens e até jogamos futebol com qualidade.
Cory Aquino será sempre lembrada pelo seu povo pela luta e determinação da mulher em busca de seu ideal.

Roselaine disse...

Eu acho muito bonita histórias de superação de mulheres, pois nesse mundo tão machista q ainda vivemos, esses exemplos acabam me dando mais força para seguir em frente para realizar meus sonhos,mesmo sendo mãe, esposa e mulher acima de tudo.Hoje me sinto muito feliz pois a universidade é apenas o primeiro passo para a minha vitória.
rose.smr@hotmail.com.