quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Matteo Ricci, os Jesuítas e a Questão dos Ritos (parte 1)

No ano de 2010, será celebrado o quarto centenário da morte de Matteo Ricci, jesuíta italiano que viajou para China e ali revolucionou os métodos de evangelização usados até então. Mestre do diálogo, conseguiu, de fato, estabelecer relações de amizade e confiança com o imperador e o povo chinês, atuando o que chamamos hoje de inculturação, da mensagem evangélica, na cultura chinesa. Tal sucesso, porém, provocou a revolta dos outros missionários que, provavelmente por inveja, denunciaram, à Santa Sé, os métodos de Matteo Ricci considerados por tais opositores como quase heréticos. Surgiu, assim, a conhecida Questão dos Ritos, que comprometeu o diálogo entre a igreja católica e o mundo chinês.

Os missionários jesuítas chegaram no Oriente levados por navios portugueses, na dupla veste de enviados da Coroa e núncios do papa. Havia na época o sistema do padroado por parte dos reis de Portugal e Espanha que possuíam todos os direitos sobre as missões, inclusive o de nomear bispos e erigir dioceses.
Em veste de enviado pontifício e vigário-geral da Companhia de Jesus, chegou em Macau, em 1578, o missionário Alessandro Valignano, que recolheu o legado deixado por Francisco Xavier, morto às portas chinesas em 1552. Valignano procurou mudar o estilo coercitivo de evangelização adotado pelos missionários da época e tentou livrar-se do poder político que acompanhava os padroados.

Naquele período, a igreja católica começava a perceber que a estreita ligação entre a evangelização e os padroados não era benéfica à evangelização na Ásia. Por meio da criação de Propaganda Fide, a Santa Sé tentou separar as competências de um e de outro. Os primeiros jesuítas, como Valignano, Ruggieri e, em seguida, Matteo Ricci, adotaram as novas diretrizes de aprender antes de tudo a língua e os costumes chineses.

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