Há semanas, seguimos com o coração apertado as vicissitudes do Haiti, alegrando-nos com cada sobrevivente encontrado, compartilhando a dor pelo aumento das mortes e frustrando-nos pela impressionante dificuldade que as equipes internacionais encontram para distribuir as ajudas provenientes do mundo todo. O caos impera e a esperança de reconstrução desse país, já devastado antes do terremoto, aparece como uma pequena chama muito fácil de ser apagada.
Observando as reportagens diárias sobre esse pequeno país, porém, evidencia-se, além do sofrimento, a resistência extraordinária desse povo que há décadas enfrenta desemprego, corrupção por parte de governos ditatoriais, ausência dos pressupostos básicos para o funcionamento de um estado. O Haiti, país mais pobre do continente americano, pode ser classificado, segundo os parâmetros de classificação dos estados, como um quase-estado.
Contudo, esse quase-estado possui na sua história um herói, quase desconhecido, que se tornou um modelo para o movimento anti-colonialista da América Latina. Seu nome é Toussaint Louverture.
Líder da revolução haitiana, que começou em 1791, Toussaint lutou junto com os escravos negros do Haiti contra a dominação francesa por 14 anos, alcançando a independência em 1804. Foi a primeira república negra. Um caso atípico na história. Sua divulgação histórica foi considerada inconveniente pelo ocidente, por óbvias razões. Mas essa omissão não conseguiu evitar que o nome de Toussaint Louverture se tornasse referência para muitos países que desejavam a libertação da dominação estrangeira.
Já seu nome, é um programa. Toussaint adoutou em 1793 o nome Louverture, do francês l’ouverture que significa abertura, a abertura de um novo caminho, o da libertação, da independência.
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