Nessas terras foram instalados, no início do século 20, os primeiros Kibbutz, fazendas coletivas inspiradas em princípios socialistas, mas que eram pensadas também como áreas organizadas militarmente. Para se proteger dos ressentimentos palestinos resultantes da ocupação do território palestino, os judeus mantinham organizações armadas e também grupos terroristas. As hostilidades entre os dois grupos cresciam dia após dia.
Os árabes eram excluídos dos trabalhos e das atividades organizadas pelos judeus. A chegada em massa dos judeus na Palestina criou um forte desequilíbrio demográfico na região. Apresentamos alguns números para entender o vertiginoso crescimento da população dos judeus na Palestina: no fim da 1ª Guerra Mundial, os habitantes da Palestina eram formados por 515 mil muçulmanos, 60 mil cristãos, 60 mil judeus e 5 mil de outras religiões. Em 1939, os judeus na Palestina já chegavam a 400 mil.
A delicada situação existente entre judeus e palestinos foi agravada por negociações contraditórias entre países europeus, principalmente França e Inglaterra. Entre as principais negociações, Vizentini lembra o acordo Sykes-Picot, concluído em maio de 1916, durante a 1ª Guerra Mundial, que colocava a Palestina sob controle internacional, e a Declaração Balfour, de 1917, com a qual o governo britânico empenhava-se em estabelecer no território palestino um lar para o povo judeu.
No início dos anos de 1920, portanto, a Palestina era objeto de planos diferentes: um desses planos surgiu do acordo anglo-francês que queria deixar a Palestina sob proteção inglesa, outro era o plano dos árabes que desejavam a independência da Palestina, e o terceiro fundava-se no sonho dos judeus em criar seu novo estado na região.
De1919 a 1929, a Grã-Bretanha impôs sua influência na Palestina, por meio do Mandato Britânico, sob comando de um cidadão inglês de origem judaica. Dessa forma, a Palestina começou a ser contendida por três forças: os ingleses; os judeus sionistas - que se apressaram, por meio da criação de organizações próprias como a Organização Sionista Mundial, da Agência Judaica, dentre outras, a constituírem quase que um estado judaico -; e os árabes, que se organizaram no Conselho Supremo Muçulmano e no Partido Palestino Árabe Nacional.
Após o surgimento do nazismo na Alemanha, as emigrações do povo judeu rumo à Palestina aumentaram vertiginosamente, gerando ainda maiores tensões entre os árabes da região. Com a tragédia do Holocausto, a ideia de criar um estado próprio para o povo judeu se fez ainda mais urgente e relevante. Nesse período, o governo britânico não podia mais conter o fluxo de imigrantes judeus que chegava ao país de forma clandestina. A população árabe, que já organizara a revolta contra a dominação inglesa, começou a se organizar contra a presença judaica, o que provocou a Revolta Árabe de1936. Esta, porém, foi derrotada pelos ingleses, militarmente superiores. Em três anos de conflito, mais de cinco mil árabes morreram.
Nota-Este artigo baseia-se no livro de Paulo Fagundes Vizentini. Oriente Médio e Afeganistão. Dois séculos de conflitos. Editora Leitura XXI.
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