quarta-feira, 17 de março de 2010

A origem da diáspora judaica

Semana passada, recebi e-mail de um estudante de relações internacionais pedindo que eu indicasse algum livro que o ajudasse a compreender a origem e as razões do conflito entre Israel e Palestina. Justamente naqueles dias, estava lendo um livro muito interessante sobre o tema, do professor Paulo Fagundes Visentini, intitulado Oriente Médio e Afeganistão, um século de conflitos, da Editora Leitura XXI. O autor aborda o tema do conflito partindo da Primeira Guerra Mundial, onde situa o início da questão judaica. Em seguida, explica o desenrolar dos acontecimentos que levaram à proclamação do Estado de Israel, em 1948.

Uma pergunta me veio em mente: quando foi e por que os judeus deixaram sua terra se espalhando pelo mundo? Onde começa a assim chamada diáspora judaica? Para responder a essa pergunta, comecei a ler algumas versões resumidas da história do povo de Israel. O Antigo Testamento relata as etapas mais conhecidas da história dos judeus. De Abraão e Sara nasceu Isaac. Isaac casou com Rebeca, e eles tiveram dois filhos: Esaú e Jacó, que será chamado também de Israel. Os seus descendentes foram, portanto, chamados de israelitas. O povo de Israel, por causa de uma situação de carestia, foi para o Egito, onde passou 400 anos. Lá, feitos escravos pelo faraó, foram libertados por Moisés e levados para a Terra Prometida. A história desse povo não é certamente uma história pacífica.

Os israelitas tiveram que se defender constantemente dos ataques de povos vizinhos, antes de tudo dos filisteus, seus inimigos tradicionais. Em 1029 a.C., o profeta Samuel, a pedido do povo, escolheu um rei que deveria garantir a unidade do povo de Israel. O escolhido foi o jovem Saul. Nasceu assim a primeira monarquia da história. Seu sucessor, Davi, expandiu o território de Israel e conquistou a cidade de Jerusalém. O território de Israel atingiu seu apogeu sob o reinado de Davi. Em seguida, porém, o reino foi dividido em duas partes, o reino do Norte, também chamado Reino de Israel e o Reino do Sul, ou Reino de Judá, com capital em Jerusalém. Em 586 a.C., a cidade de Jerusalém foi invadida pelo rei de Babilônia, Nabucodonosor, os israelitas foram obrigados a sair de sua terra e forçados a viver por cerca de 50 anos na Babilônia.

Foi nesse período que os anciãos do povo de Israel, para evitar o perigo de extinção total do povo hebreu, decidiram fundar sinagogas e escolas para o estudo sistemático dos livros sagrados da Torá. O reino de Judá foi objeto de invasão de muitos povos: assírios, persas, gregos e romanos. Em 63 a.C., os romanos transformaram a Judeia em província romana. No primeiro século d.C., as lutas entre judeus de várias facções e romanos se intensificaram.

Uma grande revolta judaica começou em 66 d.C. e terminou com o massacre da fortaleza de Massada, em 70 d.C., onde cerca de 900 judeus tentaram resistir ao cerco romano até esgotarem suas forças. A cidade de Jerusalém foi destruída pelos romanos, que escravizaram mais de cinco mil judeus. Uma nova revolta dos judeus foi definitivamente derrotada pelos romanos em 135 d.C. Sobre as ruínas do Templo de Jerusalém, os romanos construíram um templo dedicado ao deus Zeus, proibindo a todos os hebreus o acesso à cidade de Jerusalém.

No mesmo período, segundo a professora Maria Luisa Moscati Benigni, especialista no estudo de comunidades judaicas, para cortar toda ligação com o passado, o nome do território judaico foi mudado para Palestina pelos romanos, o que resultou em uma ofensa para os judeus, porque o nome Palestina derivava da Phalestina, que significa terra dos filisteus, tradicionais inimigos de Israel. Os hebreus expulsos reuniram-se em comunidades ao longo da costa do Mediterrâneo, espalhando-se, depois, pela Europa. Do século 8 até o ano mil, as comunidades judaicas viveram um período próspero e relativamente pacífico.

Um comentário:

damiaomicheli@hotmail.com disse...

Muito esclarecedor esse assunto professora.
Parabéns!