quarta-feira, 14 de abril de 2010

O futuro das relações entre a Polônia e a Rússia (1)

A morte do presidente polonês Lech Kaczinsky e de sua esposa, Maria, em um acidente aéreo que provocou também o falecimento de várias personalidades políticas, militares e religiosas do país, provocou sentimentos de desespero e perda entre os cidadãos poloneses. As eleições presidenciais, previstas para outubro, deverão ser antecipadas para o fim de junho. Segundo as palavras do primeiro-ministro Donald Tusk: “É o evento mais trágico na história da Polônia no pós-guerra”.

Paradoxalmente, a tragédia ocorreu justamente quando o povo polonês comemorava o 70º aniversário do massacre de Katyn, localidade próxima à cidade de Smolensk, na Rússia. Neste local, entre o dia 3 de março e 19 de abril de 1940, foram executados quase 22 mil poloneses. Entre eles, apenas oito mil eram prisioneiros militares, o restante era constituído de civis. Por muitos anos, os soldados nazistas foram acusados pela Rússia do massacre, até que, pouco tempo atrás, a abertura de arquivos secretos demonstrou que quem ordenou a barbárie foi o próprio Stalin.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, as relações da Polônia com a Rússia foram compreensivelmente marcadas por ressentimentos, resistindo às tentativas de reaproximação da vizinha Rússia. No entanto, uma “comissão mista russo-polonesa para as questões difíceis” foi instituída com o propósito de avançar no entendimento das relações entre os dois países. Nesse sentido, um primeiro sinal positivo de melhoria foi dado no dia 7 de abril, quando o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, encontraram-se lado a lado, na floresta de Katyn, para recordarem a morte de milhares de poloneses pelas mãos de soviéticos.

Segundo o professor polonês Jerzy Pomianowski, membro da comissão mista russo-polonesa, e profundo conhecedor das relações entre os dois países, a presença de Putin no lugar do massacre foi positiva. Para Pomianowski, entrevistado por um jornal italiano (Il Sole 24 ore) logo após a tragédia, “esse fato finalmente expôs aos olhos de todo o povo russo um episódio que até então era quase que desconhecido”. O professor lembrou que, segundo uma recente pesquisa russa, apenas 18% da população do país sabia o que tinha ocorrido em Katyn e que os culpados disso eram os soviéticos.

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