terça-feira, 16 de novembro de 2010

China, Japão e Rússia, possíveis choques diplomáticos (parte 1)

No dia 7 de setembro, ocorreu uma colisão entre um barco pesqueiro chinês e uma embarcação da guarda costeira japonesa nos mares do arquipélago Senkaku, em japonês, e Diaoyu, em chinês. As consequências do que parecia ser um normal incidente foram maiores do que as esperadas, resultando em uma grave crise diplomática entre os dois países. O Japão prendeu o capitão do pesqueiro chinês alegando que o pesqueiro chinês teria intencionalmente atacado a embarcação japonesa e ainda em território japonês.

Essa última declaração contém o núcleo do problema. O arquipélago em questão, formado por oito pequenas ilhas desabitadas, está localizado no noroeste de Taiwan e próximo a Okinawa. O Japão controlou essas ilhas de 1895 até sua rendição após a 2ª Guerra Mundial, quando passaram à administração americana que as devolveu ao Japão em 1972. Taiwan e a República Popular da China reivindicam desde 1971 a posse dessas ilhas por eles descobertas e administradas do século 16 até 1895.

As ilhas são importantes do ponto de vista econômico, pois se trata de área rica em recursos naturais. Geograficamente elas ocupam uma posição estratégica de controle do Sul do Pacífico. China e Japão reivindicam a posse das ilhas, mesmo se é o Japão que exerce o controle de fato sobre o arquipélago. Esse acontecimento provocou a reação popular dos dois países, cada um reivindicando a posse das ilhas. Também Taiwan participou das reivindicações sobre o conjunto de ilhas ricas em peixes e jazidas de petróleo.

Devemos observar, porém, que esse aparente acidente rompeu com uma tradição de acomodamento pacífico entre Japão e China em relação à navegação de barcos chineses nas águas próximas ao arquipélago. Segundo o estudioso japonês Tanaka, houve um acordo nos anos 60 entre China e Japão sobre pesca nas águas limítrofes e em 1978, Deng Xiaoping decidiu adiar a resolução do impasse sobre as ilhas Senkaku-Diaoyu. Daquele momento em diante, o Japão permitiu que os barcos chineses transitassem nas proximidades do arquipélago.

No último período, porém, algo mudou na política externa do atual governo japonês. Sua aliança com os EUA parece empurrar o Japão a criar pretextos para se chocar com a vizinha China. Pretexto que serviria para os Estados Unidos justificarem a presença na área como defensor dos direitos de seu aliado. A situação não melhorou com a última visita do presidente russo, Dimitry Medvedev, à ilha Kunashir, parte das ilhas Curili Meridionais, disputadas entre Rússia e Japão. Também essas ilhas são ricas em peixes, jazidas de petróleo, gás, ouro e prata. Estão localizadas próximo ao Japão, na parte setentrional, próximas à ilha de Hokkaido.

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