terça-feira, 2 de novembro de 2010

ONU luta pelo fim do bloqueio econômico

Na última terça-feira, a assembleia geral da ONU reiterou mais uma vez o pedido de fim do embargo americano contra Cuba. Foi o pedido nº 19. No ano passado, só três estados votaram contra: Estados Unidos, Israel e Palau. Dois abstiveram-se (as Ilhas Marshall e Micronésia). Os democratas americanos, tradicionalmente a favor do fim do bloqueio, no governo de Barack Obama parecem ter mudado de ideia. Nesses dois anos de governo democrata, não ocorreu nenhuma alteração em relação à política externa americana em Cuba. Ao contrário, foi reforçada a natureza extraterritorial do bloqueio econômico que começou oficialmente 48 anos atrás. Decretado pelo presidente John F. Kennedy, no dia 3 de fevereiro de 1962, o embargo foi a oficialização de sanções punitivas que tiveram início logo após a Revolução Cubana de 1959.

O objetivo dos norte-americanos era derrotar um regime que seria um mau exemplo para o continente latino-americano, região de tradicional influência dos Estados Unidos. Cuba foi proibida de exportar produtos para o mercado estadunidense, além de não poder receber turistas de lá. Não pode ter acesso a créditos nem utilizar o dólar no comércio com o exterior. A agravar essa situação, foi aprovada, durante o governo Bush, em 1992, a Lei Torricelli. Essa lei proibiu Cuba de importar produtos de empresas norte-americanas também sediadas fora dos Estados Unidos, impondo mais restrições à navegação a partir e para a ilha cubana. Mesmo quando, em 2004, o Congresso dos EUA, sob pressão dos agricultores norte-americanos, votou a favor de uma lei que autorizasse Cuba a comprar produtos americanos, esta veio acompanhada de graves restrições.

Os prejuízos econômicos sofridos por Cuba foram calculados em mais de 82 bilhões de dólares, sem contar o sofrimento moral da população cubana. Diante dessa situação, uma pergunta não quer calar. O “perigo vermelho” desapareceu com a queda do muro de Berlim. A America Latina não é mais submetida à influência direta dos Estados Unidos. Cuba não representa mais a pequena ovelha negra da America Latina, dos anos da Guerra Fria. Então, por que os Estados Unidos ignoram a vontade da maioria dos membros da assembleia geral da ONU, que, por bem 19 vezes demonstrou quase unanimidade em relação ao fim do bloqueio econômico? Há quem diga, e não são poucos, que a resposta esteja em um grupo de pressão, cubano, localizado em Miami, no estado da Flórida, que luta há décadas contra o governo de Fidel Castro, querendo vingança contra tudo o que perderam durante a revolução de 1959, e que sustentou a política anti-cubana de Bush.

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