quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mario Monti e o novo governo da República Italiana


Na semana passada, dia 16 de novembro, o presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano, nomeou o novo primeiro-ministro: Mario Monti.

Berlusconi foi obrigado - frente a uma crise econômica cada dia mais grave - a sair de cena após ter ocupado o cargo de primeiro-ministro por bem quatro governos (1994-1995/2001-2005/2005-2006 e 2008-2011). Sua estreia na cena política, em 1994, foi construída graças a uma poderosa campanha publicitária que o apresentou como o grande salvador da Itália. A ausência de habilidades políticas fez com que ele governasse (ou desgovernasse) a Itália, enfrentando repetidas crises de credibilidade política nacional e internacional, na base da influência de seus cinco canais televisivos e da propriedade de um dos mais poderosos times de futebol italiano: o Milan. Contudo, Berlusconi representa apenas um dos tantos fatores internos e externos que contribuíram à assustadora crise econômica e política que atormenta o Bel Paese.

Com a nomeação de Mario Monti, a era berlusconiana parece ter acabado, para a satisfação de ao menos metade dos italianos que vivem na Itália e no exterior.
O governo de Mario Monti é, ao contrário daquilo que a GloboNews veiculou - demonstrando mais uma vez sua leviandade e falta de compromisso frente ao seu público - o quinto governo técnico nomeado e não eleito na história da República Italiana.

Esse novo governo apresenta, porém, algumas peculiaridades em relação aos outros governos técnicos. Uma dessas é que na equipe nomeada pelo primeiro-ministro, não aparece nenhum nome político. A composição do novo governo é prevalentemente constituída de acadêmicos, professores universitários assim como o novo primeiro-ministro, docente de economia.

Recolhi alguns dados biográficos visando conhecer melhor o novo cenário da política italiana.
Mario Monti nasceu na cidade de Varese, próxima a Milão, no dia 19 de março de 1943, em plena Segunda Guerra Mundial. Em 1965, ele obteve a graduação em Economia na prestigiosa Universidade Bocconi, de Milão, especializando-se na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Em 1969, começou sua carreira acadêmica como professor da Universidade de Trento, depois foi para Turim e Milão.

Em 1995, começou a exercer a função de Comissário Europeu, responsável pelo mercado interno, serviços financeiros e integração financeira até 1999 e em seguida, se ocupando da questão da concorrência. Autor de numerosas publicações, Mario Monti é um defensor da corrente neoliberalista, o que lhe custa várias críticas no mundo político. É um nome forte na União Europeia o que lhe garante pleno apoio por parte da instituição europeia.

O receio de alguns grupos é, justamente, o de que a nomeação de Mario Monti seja resultado de uma manobra dos principais interlocutores da União Europeia (leia-se França e Alemanha) que querem tirar proveito da instalação dos novos governos italiano e grego, o que resultaria num possível agravamento da situação desses dois países.

Os novos ministros por ele nomeados são expoentes conservadores, ligados a instituições bancárias como o novo ministro do Desenvolvimento Econômico, representante do Instituto bancário SanPaolo. O novo Ministro da Cooperação Internacional, Andrea Riccardi, professor de história Contemporânea da Universidade “La Sapienza”, de Roma, é o fundador da Comunidade Sant´Egidio, movimento internacional que ajudou na resolução da guerra civil em Moçambique.

O voto de confiança dado pelo Senado e pela Câmara italiana demonstra a inicial aprovação de um governo que, mesmo se de tendência neoliberal, é constituído, ao menos, por pessoas competentes.

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