quarta-feira, 4 de abril de 2012

Malvinas


Argentina e Grã-Bretanha: conflito e negociação.
(publicado em 03 de março de 2010)

O anúncio, por parte do governo britânico, do envio de uma plataforma de exploração de petróleo às ilhas Malvinas (para os argentinos) ou Falklands (para os britânicos) reacendeu um antigo conflito entre os dois países. A briga por essas ilhas localizadas no Atlântico Sul, ao largo da costa da Argentina, originou-se desde o século XVIII.

Em 1765, a Grã-Bretanha estabeleceu sua base nas ilhas, apesar da presença francesa no lugar, que chamara as ilhas de Îles Malouines. Em 1766, a França vendeu as ilhas para a Espanha que, após um conflito com a Grã-Bretanha, ocupou a parte oriental, deixando a parte ocidental das ilhas sob o domínio inglês. Já no século XIX, a Argentina ocupou a parte oriental, herdada da Espanha, enviando um seu governador.

O Reino Unido invadiu o lado argentino em 1833. Dali por diante, a Argentina passou a reivindicar as ilhas como parte natural do seu território.

Nos anos 80, o governo militar argentino, para tentar diminuir sua impopularidade, decidiu invadir as ilhas Malvinas. Apostando numa política externa de aliança com os Estados Unidos, a junta militar argentina acreditava que os Estados Unidos, frente à invasão militar das ilhas Malvinas, apoiariam o país e não a Grã-Bretanha. Ao mesmo tempo, não acreditou que a Grã-Bretanha reagisse militarmente, como, ao invés, aconteceu, esperando que a invasão resultasse numa negociação e consequente transferência de soberania.

Provavelmente, o governo argentino não percebeu que a ordem mundial vigente naqueles anos teria favorecido as alianças norte-norte em detrimento dos países emergentes da América Latina. A desproporção de poderio militar entre os dois países deu a vitória à Grã-Bretanha.

Apesar do apoio que, na época, a Argentina recebeu dos seus vizinhos, as ilhas ficaram nas mãos dos ingleses. O governo argentino, naturalmente, nunca aceitou como definitiva a humilhante derrota de 1982. O então presidente Kirchner fez da retomada das ilhas Malvinas um dos pontos fortes de seu governo. Sua esposa está percorrendo agora os mesmos passos dos seus predecessores, querendo barrar a exploração britânica das ilhas Malvinas.

Mesmo sendo classificado como um assunto de política externa, o problema das ilhas Malvinas diz respeito à política interna argentina. A presidente Kirchner está tentando, como fez em 1982 a junta militar, reforçar seu governo e aumentar sua popularidade. Contudo, à diferença de 1982, ela excluiu a possibilidade de uma invasão militar às ilhas. Sabe que nem a Argentina nem a Grã-Bretanha podem, na atual conjuntura econômica e política, enfrentar os custos de um conflito armado.

Apesar das promessas de Chavez de apoiar a Argentina na briga contra “o país imperialista”, qualquer conflito militar está, felizmente, excluído. A via diplomática será o único caminho a ser percorrido. Além disso, estamos fora do contexto internacional norte-norte que havia em 1982.

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