quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Eleições americanas: do pesadelo ao sonho

Há décadas as eleições presidenciais dos Estados Unidos não recebiam tanta atenção do próprio eleitorado e da opinião pública internacional.

O resultado das primárias nos estados mais importantes da federação americana – votação que decide qual candidato deverá concorrer à Presidência – foi seguido passo a passo até a última “super-terça” da qual saíram vitoriosos três candidatos: o republicano - veterano do Vietnã - John McCain, e os democratas Hillary Clinton e Barack Obama.

Obama ganhou a cena internacional e conquistou milhões de jovens americanos.

Conseguiu despertar uma nova esperança política para os Estados Unidos talvez porque a sua trajetória política foge dos padrões ortodoxos até agora vigentes na Casa Branca. Até o ano passado, ao menos para nós estrangeiros, Obama era um simples desconhecido. Com apenas 46 anos ele conseguiu, de simples governador do Illinois, conquistar o espaço necessário para chegar às portas da Casa Branca, sendo comparado à mítica figura de John Kennedy. Em suma, devolveu aos americanos a possibilidade de sonhar. Os Estados Unidos haviam esquecido o que era sonhar, engolidos num pesadelo sempre mais assustador, como foi o governo de George W. Bush.

Talvez Obama não chegue a ganhar as eleições. Talvez a experiência e o pragmatismo político de Hillary Clinton conseguirão vencer a esperança oferecida por Barack Obama. Não temos ainda elementos suficientes para dizer se os Estados Unidos terão um governo democrata ou continuarão tendo um governo republicano. O que sabemos de certo é que o futuro Presidente dos Estados Unidos, seja quem for, terá a complicada tarefa de desfazer os mal-feitos do seu predecessor, principalmente do ponto de vista econômico, que é o que mais interessa aos americanos. Além disso, outra mudança necessária diz respeito à política externa do país. Durante os anos do seu governo, Bush destacou-se pelo desrespeito das decisões das Nações Unidas, pelas gravíssimas mentiras que geraram uma guerra inútil como foi a do Iraque, e pela sua desenfreada política armamentista. Ele quis recriar no âmbito internacional uma situação de conflito tal que justificasse o retorno dos Estados Unidos qual paladino da justiça mundial pronto a atacar quem o desafiasse. Papel que os Estados Unidos perderam com a queda do muro de Berlim em 1989 e com a dissolução da União Soviética em 1991, data esta que marcou o fim da Guerra Fria.

Naquela ocasião, os Estados Unidos - até então única superpotência capaz de enfrentar o gigante comunista russo - perdeu a justificativa de tal supremacia.

Não existia mais o inimigo. Portanto, os Estados Unidos não precisavam mais cumprir o papel de “mocinhos” do mundo. Ainda mais porque no resto do mundo estavam surgindo blocos continentais que desafiavam sua liderança: a União Européia; a América Latina, liderada pelo Brasil; a Ásia, com a China e a Índia; o continente africano, liderado pela África do Sul; o Oriente Médio. Bush usou todos os meios para não perder a supremacia mundial, identificando novos inimigos que justificassem o papel de paladino mundial. O seu governo caracterizou-se pela luta ao assim chamado eixo do mal (Iraque, Iran, Afganistão, etc.), desafiando qualquer um que quisesse barrá-lo.

Com as eleições do ano que vem, esperamos que este pesadelo esteja com os dias contados. As promessas dos candidatos nos indicam uma ordem internacional mais harmoniosa e equilibrada onde cada bloco continental desenvolverá seu papel para garantir uma convivência internacional menos turbulenta do que a ordem desordenada imposta pelo texano George W. Bush.

Nenhum comentário: