quarta-feira, 19 de março de 2008

A China e o Tibete

Mais uma vez a China é protagonista de manchetes internacionais. Poucos meses antes da abertura dos Jogos Olímpicos, o governo chinês tem que enfrentar uma nova crise política, referente às suas relações com a província autônoma do Tibete.

Tudo começou nos primeiros dias de março, quando um grupo de centenas de exilados tibetanos na Índia anunciou que, no dia 10 de março, começariam uma marcha até a fronteira com o Tibete. Os motivos alegados eram: lutar em favor de sua independência e lembrar as vítimas da repressão sangrenta de 1959 atuada pelo governo chinês no Tibete. Além disso, eles denunciaram a intenção da China de usar os Jogos Olímpicos para ratificar, aos olhos estrangeiros, sua soberania sobre as minorias étnicas chinesas, de modo especial sobre o Tibete. Os atletas tibetanos pediram para desfilar com a bandeira tibetana, na cerimônia de abertura dos Jogos, mas o governo chinês não o permitiu. Contemporaneamente, em Lhasa, capital da província tibetana, um grupo de monges budistas decidiu liderar um protesto pacífico alegando como motivo a comemoração das vítimas de 1959. Outros grupos de tibetanos exilados no Nepal, estado vizinho do Tibete, organizaram protestos similares. Todas estas iniciativas, inspiradas nos princípios da não-violência de Ghandi e nos princípios pacíficos do budismo foram logo reprimidas. Na Índia, o exército governamental prendeu os ativistas tibetanos sob a acusação de violarem os acordos internacionais que prevêem a aceitação dos tibetanos na Índia desde que estes não organizem atividades políticas contra a China. No Tibete, o exército chinês, presente maciçamente desde os anos 50, providenciou o fim dos protestos de monges e civis tibetanos. O governo chinês afirmou que “apenas” 10 pessoas morreram. Os tibetanos exilados falam em centenas. Mesmo sob ameaça de repressão armada, os protestos não param, colocando o governo chinês em uma situação bastante complicada.

O sofrimento do povo tibetano, exilado ou não, começou muito tempo atrás. Antigamente, o Tibete ocupava um terço do território chinês, enquanto sua população era somente 0,5% da população total. Em 753 a.C. o budismo entrou no Tibete e se tornou a religião oficial. Ao longo de sua história foi invadido por muitos povos, dos mongóis de Gengis Kahn às dinastias chinesas. No período colonial, a Inglaterra tentou invadir o Tibete querendo expandir sua influência a partir da Índia. O território tibetano faz fronteira com a Índia e o Nepal, constituindo desde antigamente um território estrategicamente importante para a defesa do território chinês. Quando Mao Zedong subiu ao poder, decidiu liberar o seu país de qualquer influência imperialista. Isto incluiu liberar também o Tibete. Em 1951, aconteceu a incorporação forçada do Tibete à República Popular da China, chamada pelo governo de Pequim de “pacífica liberação”. Em 1959, os tibetanos se rebelaram a tal anexação. Milhares de tibetanos morreram, outros fugiram, refugiando-se nos estados vizinhos. Dalai Lama também foi obrigado a fugir e vive até hoje no exílio. Durante a Revolução Cultural, como no resto da China, todos os templos foram destruídos. Até hoje não é permitido o ensinamento da língua e cultura tibetana. Para os comunistas de ontem e de hoje, o Tibete representa um território estratégico do ponto de vista fronteiriço e econômico, pelas riquezas minerais de ouro e urânio. O governo de Pequim enviou milhões de chineses para “colonizar” o Tibete, alegando querer ajudar na sua modernização e desenvolvimento. Se, de um lado, a situação econômica do Tibete melhorou de maneira significativa, de outro lado, a cultura tibetana está à beira da extinção. No coração do povo tibetano, ela ainda está viva, e os protestos destes dias o demonstram. O governo chinês decidiu fechar o Tibete para os estrangeiros, e prefere o uso da força para restabelecer uma harmonia aparente. Lembramos que o atual presidente chinês, Hu Jintao foi aquele que aplicou a lei marcial em 1989, em ocasião das revoltas tibetanas contra o governo central. Dalai Lama, acusado pelas autoridades chinesas de ser o criador dos atuais protestos, afirma não ter aprovado nenhuma manifestação e reitera o uso do diálogo para resolver o impasse. Tomara que, desta vez, diante dos protestos que não param de ganhar força, a China mude de atitude e aprenda a trocar a força das armas pela força do diálogo.

4 comentários:

Unknown disse...

Bom, atrevo-me a comentar no assunto de especialidade da Anna Carletti, espero não cometer nenhuma gafe.
Fugindo um pouco do foco do "Tibete",
A China tem crescimento populacional lento apesar de ter 1,3 bilhão de habitantes e ainda há o controle de natalidade. A Economia Socialista de Mercado, partido único, ou seja, ditadura.
A China teve abertura econômica a partir do an de 1976, havendo a ZEES zonas economicas especiais que são entrada de capital extrangeiro,que por sinal este país atrai muito o capital extrangeiro por ter um grande mercado consumidor e mão-de-obra disciplinada, ou seja, está havendo a abertura da China para o mundo pouco a pouco.
O Tibete foi "reconquistado" em 1950, porém como vimos no texto o mesmo não concorda com esta união, esta submissão à China;
assim como também Hong Kong que por um tempo era da Inglaterra e recentemente em 1997 foi devolvido à China.Macau e etc..
O mundo imaginava que durante os jogos olimpicos que ocorreram na China em 2008, acreditava-se que Taiwan iria "declarar-se um país " então houve rumores que a China já por precaução tivesse implantado dezenas de mísseis apontados para Taiwan.Porém , 'felizmente' nada ocorreu.
A china quer portanto ter esta proteção na fronteira que o Tibete proporciona, assim sendo parte de seu país.
Nada declarado, no entanto não se sabe o porquê , mas a China é o país que mais importa material bélico com projeto de uma grande potência bélica. Sendo assim, impossível não amendrontar suas "colonias rebeldes".

Unknown disse...

Sinto-me triste com essa situação, pois o Tibete com a sua filosofia budista milenar e pacifica vem perdendo tanto território graças a opressão do governo chinês. Devemos nos manifestar contra essas ações do governo chinês no Tibete , pois a supressão da cultura do povo tibetano pode levar a extinção desses costumes e ensinamentos ; Ensinamentos de paz e solidariedade.

"Devemos adotar a verdade como autoridade ; Não a autoridade como verdade."

Unknown disse...

Sinto-me triste com essa situação, pois o Tibete com a sua filosofia budista milenar e pacifica vem perdendo tanto território graças a opressão do governo chinês. Devemos nos manifestar contra essas ações do governo chinês no Tibete , pois a supressão da cultura do povo tibetano pode levar a extinção desses costumes e ensinamentos ; Ensinamentos de paz e solidariedade.

"Devemos adotar a verdade como autoridade ; Não a autoridade como verdade."

Unknown disse...

Sinto-me triste com essa situação, pois o Tibete com a sua filosofia budista milenar e pacifica vem perdendo tanto território graças a opressão do governo chinês. Devemos nos manifestar contra essas ações do governo chinês no Tibete , pois a supressão da cultura do povo tibetano pode levar a extinção desses costumes e ensinamentos ; Ensinamentos de paz e solidariedade.

"Devemos adotar a verdade como autoridade ; Não a autoridade como verdade."