quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A política externa da China para África (1)

A política externa chinesa, desde a época dinástica, apresentou uma característica peculiar que a diferenciou da política externa de outras nações. Na época da dinastia Han, o governo chinês precisava manter a estabilidade nas suas fronteiras ameaçadas pelos grupos nômades que saqueavam regularmente o norte da China. Dada a extensão de suas fronteiras e os altos custos que sua defesa militar exigia, os imperadores Han preferiram adotar uma política de “paz e parentesco”, entretendo o chefe nômade com presentes suntuosos e concedendo-lhe a mão de princesas Han em casamento. Ou seja, a China sempre priorizou uma política externa baseada mais na diplomacia que na guerra, pois seus imperadores procuravam compensar a debilidade militar com os meios diplomáticos.

Voltando aos dias de hoje, a China continua a defender o conceito de “ascensão pacífica” na busca de um lugar no meio internacional. Desde a fundação da República Popular da China, em 1949, o governo chinês destacou o caráter predominantemente defensivo de sua política externa, que objetivava a defesa da integridade territorial e a segurança contra investidas externas, após a difícil experiência de dominação por parte das potências ocidentais. Mao Zedong buscou, neste primeiro momento de consolidação nacional, legitimidade junto aos governos estrangeiros.

Foi neste contexto de busca de legitimação e reconhecimento internacional, que a China começa sua aproximação com o continente africano. Mao Zedong aproximou-se da África, pois procurava ampliar o número de países parceiros da China. O estreitamento das relações foi facilitado pela realização da Conferência de Bandung, na Indonésia, em 1955, a qual participaram líderes dos países africanos e asiáticos. Em Bandung, Zhou Enlai, primeiro ministro chinês, considerado o pai da diplomacia chinesa, apresentou os cinco princípios da coexistência pacífica (autodeterminação, não intervenção em assuntos internos, respeito mútuo, benefício recíproco e igualdade de tratamento).

A partir daí, a China estreitou relações diplomáticas com Egito, Argélia, Marrocos, Sudão e Guiné, concorrendo no continente africano com o trabalho paralelo dos EUA e da URSS. Graças às viagens realizadas por Zhou Enlai nos países africanos recém-independentes, Pequim conseguiu enlaçar relações diplomáticas com 19 dos 41 novos estados da época.

Na década de 1980, com a abertura econômica da China, proporcionada por Deng Xiaoping, o governo chinês reviu sua política exterior em relação ao continente africano. Três foram as orientações que nortearam a ação política chinesa na África: a manutenção da independência e da autonomia; a defesa da paz no mundo; e a busca em comum do desenvolvimento.

Continua na próxima semana...

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