quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Costa Rica, o país mais feliz do mundo e sua nova presidente

Após 189 anos de governo masculino, a Costa Rica agora é governada por uma mulher. Contudo, a vitória de Laura Chinchilla Miranda, do Partido Liberação Nacional (PLN), não foi surpresa para o povo da Costa Rica. Sua vitória foi favorecida por muitos elementos, tais como o apoio do presidente Óscar Rafael de Jesús Arias Sánchez, em cujo governo Chinchilla trabalhou como vice e como Ministro da Justiça, a alta percentagem de mulheres (58% do total dos eleitores) favoráveis à sua eleição e, sobretudo, a ausência de fortes candidatos na oposição.

Ela derrotou Ottón Solis, fundador do Partido da Ação Cidadã (PAC), que ficou em segundo lugar, com 25% dos votos. Ottón foi ministro do Planejamento e Políticas Econômicas no governo Arias de 1986 a 1988, e já foi derrotado duas vezes nas eleições presidenciais, em 2002 e em 2006. O candidato que chegou em terceiro lugar na corrida presidencial foi Otto Guevara, fundador do Movimento Libertário (ML). O judeu Luis Fishman Zonzinski, último colocado, que recebeu apenas 3,8% dos votos, foi vice-presidente e Ministro da Saúde, representando o Partido de Unidade Social Cristã (Pucs).

O Pucs, de tendência liberal, foi fundado em 1983 pela confluência de forças conservadoras em oposição ao Partido Liberação Nacional e governou o país entre 1990 e 2006, marcando a virada liberalista do país. Em 2006, quando o Presidente Arias retornou ao poder, o Pucs perdeu força e o sistema bipartidário que caracterizou a vida política da Costa Rica por décadas desmoronou, deixando espaço para os novos partidos PAC e ML.

Costa Rica é considerada como a democracia mais estável da América Latina. Em 1987, o presidente Arias recebeu o prêmio Nobel da Paz pela contribuição dada à mediação nos conflitos da América Central durante seu primeiro mandado (1986-1990). Foi o primeiro presidente a ser eleito por duas vezes (em 1986 e em 2006) seguindo o exemplo do líder revolucionário José “Pepe” Figueres Ferrer, que governou o país por três vezes (1948-49; 1953-58; 1970-1974) e que fundou, em 1951, o Partido Liberação Nacional (PLN). O lendário libertador nacional aboliu o exército em 1949, apesar de ser um guerrilheiro.

O Partido Liberação Nacional, de inspiração social democrata, aderente à Internacional Socialista, transformou o país, que é conhecido como a “Suíça da América Latina”. Apelido justificado pelo alto nível do sistema de saúde e do sistema escolar, como também pela expectativa de vida (78,5 anos). Melhores até da vizinha Cuba que não se cansa de fazer propaganda dos seus ótimos hospitais e escolas. A propósito dessa comparação, parece que o slogan preferido do povo da Costa Rica seja: “Preferimos ter mestres e não soldados”. Também na salvaguarda do meio-ambiente, o país destaca-se pelos resultados.

Nesse ano de 2010, a Costa Rica foi classificada em tal âmbito como terceiro entre 163 países, tendo aumentado as próprias florestas de 20%, dos anos oitenta, para mais da metade do território nacional. Em 2021 será o primeiro país no mundo a ter impacto zero na emissão de gás carbônico.

É natural, mesmo se talvez não seja justa, a comparação entre esse país, que foi considerado recentemente como o mais feliz do mundo, e a não distante ilha do Haiti, o país mais pobre da América Central, o país mais triste e que necessita urgentemente de ajuda internacional.

Permanece a esperança que um pouco da felicidade da Costa Rica encontre lugar entre os vizinhos do Haiti.

Um comentário:

Unknown disse...

Eu não tinha conhecimento da História de felicidade da Costa Rica,
Um país com pouco destaque internacional, que consegue no seu cantinho manter a ordem e levar essa boa fama, e logo perto um país destruído por forças maiores, mas talves não menos feliz que os costas riquenhos.
Espero que um dia tenha uma igualdade na AL, pra podermos fazer frente aos grandes.