quarta-feira, 2 de julho de 2008

Nelson Mandela - a dignidade acima de tudo

Na sexta-feira passada, dezenas de artistas internacionais homenagearam Nelson Mandela em um show no Hyde Park, em Londres. Mais de 50 mil pessoas participaram. Ao receber os parabéns pelo seu nonagésimo aniversário, o líder sul-africano comoveu-se.

Certamente, diante da homenagem de tantas pessoas, Mandela deve ter relembrado sua vida e as dificuldades pelas quais passou nestes 90 anos.

Nelson Mandela nasceu em 1918, numa família nobre de sua tribo. Quando ficou órfão do pai, aos 12 anos, foi entregue aos cuidados do chefe da tribo. Aos 22 anos, para livrar-se de um casamento combinado, fugiu de casa mudando-se para Johannesburg. Formou-se em direito. A partir daí, sua história pessoal começa a entrelaçar-se com a tumultuosa história de seu país: a África do Sul. Como todas as nações africanas, a África do Sul foi sujeita à colonização européia: os holandeses primeiro, substituídos, depois, pelo Reino Unido. Em 1911, a minoria branca, constituída por descendentes de britânicos e Afrikaneers (descendentes dos imigrantes holandeses), promulgou uma lei conhecida como “Ato das Terras Nativas”, que consolidou seu poder sobre a população negra. Esta lei obrigava os negros a viverem em reservas especiais, cuja extensão ocupava somente 13% do território. O resto das terras (87%) seria ocupado pela minoria branca. Era a semente do Apartheid (regime de segregação racial da minoria branca em relação aos negros) que se oficializou em 1948, com a vitória do Partido Nacionalista. O regime do Apartheid negava à população negra o direito de participar da vida política (nas eleições de 1948, votaram somente os brancos). Os negros ficaram excluídos do acesso à propriedade das terras, além de serem obrigados a viver em regiões residenciais segregadas. Casamentos entre raças diferentes também eram proibidos.

Nelson Mandela, já em 1942, uniu-se ao partido de oposição, o Congresso Nacional Africano (CNA), para combater pelos direitos de seu povo. Junto com um amigo advogado, começou a dar assistência legal gratuita ou a baixo custo aos negros que não podiam pagar um advogado. Os primeiros anos de sua luta política foram inspirados nos princípios da não-violência do indiano Gandhi. Contudo, diante do massacre de Sharpeville, em 21 de março de 1960 – quando a polícia sul-africana matou 69 participantes de uma manifestação pacifista, e feriu outras 180 pessoas –, Mandela decidiu aderir à luta armada. Foi nomeado comandante da força paramilitar da oposição. Liderou ações de sabotagem contra as forças governamentais que baniram o partido de oposição, CNA, e os grupos contra o apartheid.

Em 1962, Nelson Mandela foi preso por sabotagem e conspiração. Em 1964, foi condenado à prisão perpetua. Na década de 1970, o Partido Nacionalista recrudesceu as políticas anti-raciais. A população negra foi separada, classificada em grupos étnicos e confinada em territórios distantes das cidades, os chamados bantustões. Desta forma, o governo tentava afastar os negros da educação ocidental, garantindo mão-de-obra para as indústrias dos brancos. Da prisão, Nelson Mandela continuou encorajando as forças de oposição. Ele tornou-se símbolo da luta contra o Apartheid, não somente na África do Sul, mas no mundo todo. Mantendo sua integridade moral, em 1970 recusou a revisão da pena e, 15 anos depois, não aceitou a liberdade condicional, pois seria obrigado a renunciar à sua luta contra a segregação racial.

Em 1989, a eleição de Frederik de Klerk marcou o início de algumas mudanças no país. De Klerk mostrou-se sensível às pressões internacionais que pediam insistentemente a libertação de Nelson Mandela. Em 1990, o presidente assinou a revogação das leis anti-raciais e a autorizou a libertação de Nelson Mandela. Quatro anos depois, em 1994, foram realizadas as primeiras eleições multirraciais da história da África do Sul. Nelson Mandela foi eleito presidente, o primeiro presidente negro do país.

Após décadas de isolamento diplomático internacional, a África do Sul tornou-se um dos países estrategicamente mais importantes do cenário internacional. Graças, também, ao trabalho e exemplo de um homem chamado Nelson Mandela.

2 comentários:

Túlio Medeiros disse...

Nelson Mandela é um exemplo de político, e acima de tudo, de cidadão. Se fizermos uma rápida análise, quantas são as pessoas que preferem o bem da sociedade em detrimento de um bem comum. Aqui no Brasil o que não falta é político que vende a alma para ganhar alguns trocados. E Nelson Mandela, na contramão do que se vê, especialmente em países do 3º mundo, preferiu ser privado de sua liberdade, principal bem que alguém pode ter, do que desistir da luta para ver seu povo livre.

Unknown disse...

Nelson Mandela, um homem digno de respeito, e o que me vem a cabeça quando escuto esse nome é : "áh se todos tivessem a mesma persistência, a mesma coragem,afinal, a mesma "garra" que ele teve".
Nelson Mandela...
homem que lutou contra o preconceito...
que lutou pelo povo e para o povo...
que entregou a si próprio em defesa de seus irmãos...
que mesmo sob pressão, continuou firme no seu propósito....
que mesmo estando com o "queijo e a faca na mão" preferiu esperar pela liberdade de seus companheiro, para depois poder dividi-lo com estes...
homem que é um verdadeiro exemplo, para o povo...
Acredito que o Nelsom Mandela não libertou só o seu povo, mas também libertou a quase todas as outras raças do distruidor da alma, o preconceito.