quarta-feira, 23 de julho de 2008

Sidney 2008 - 23° Jornada Mundial da Juventude

Concluiu-se domingo, dia 20, a 23ª Jornada Mundial da Juventude, o maior evento católico juvenil no mundo. É a segunda vez que o papa Bento XVI encontra-se com os jovens dos cinco continentes. Ele quis dar continuidade à tradição criada por seu predecessor.

João Paulo II teve a idéia de instituir as Jornadas Mundiais da Juventude durante a Missa do Domingo de Ramos de 1983, surpreendido pela grande afluência de jovens na Praça de São Pedro: cerca de 250 mil. Para o papa, as jornadas teriam o objetivo de “alimentar a fé por meio do encontro de coetâneos de diferentes países e da comunhão das respectivas experiências”. No início, a proposta do pontífice não recebeu o apoio esperado, principalmente dentro da própria igreja católica. Muitos bispos a contrastaram. Mas, na 1ª Jornada Mundial da Juventude, realizada em Roma, no ano de 1986, os “opositores” tiveram que reconhecer o sucesso da intuição de João Paulo II. Naquela jornada, eu estava entre os milhares de participantes e, apesar de não gostar muito de aglomeração de multidões, foi uma experiência inesquecível. A partir daquele ano, as Jornadas Mundiais da Juventude percorreram o mundo, alternando os encontros em Roma e fora da Itália. Buenos Aires (Argentina), 1987; Santiago de Compostela (Espanha), 1989; Czestochowa (Polônia), 1991; Denver (EUA), 1993; Manila (Filipinas), 1995; Paris (França), 1997; Toronto (Canadá), 2002; Colônia (Alemanha), 2005, foram as cidades escolhidas pelo papa João Paulo II. Em 2005, em Colônia, no seu lugar estava o novo papa Bento XVI. De novo, dentro da igreja católica, começou a se duvidar do sucesso das Jornadas Mundiais da Juventude, principalmente porque se pensava que Bento XVI, não possuindo as mesmas características midiáticas do seu predecessor, pudesse, de alguma forma, decepcionar a juventude. Também desta vez, as dúvidas logo se dissiparam. O papa Bento XVI conquistou os jovens com a inteligência aguda e penetrante de suas comunicações e, sobretudo, pela extraordinária capacidade de estabelecer um relacionamento pessoal com seus ouvintes, mesmo no meio de uma multidão. No primeiro encontro com ele, muitos jovens afirmaram: “Antes, viajávamos para ver o papa, agora viajamos para escutá-lo”. Sidney foi a primeira cidade escolhida por Bento XVI. Uma escolha à primeira vista difícil, pela distância geográfica (20 horas de avião da Itália), e pela distância da tradição religiosa. Como o próprio Bento XVI afirmou, a Austrália é um dos países mais secularizados do planeta. Os católicos representam somente cerca de 26% da população. Na véspera da Jornada Mundial da Juventude, os jornais australianos publicaram o temor da população diante da invasão dos jovens. Mas, também este ano, a Jornada Mundial da Juventude foi um sucesso. Chegando de barco, na baía de Sidney, o papa Bento XVI foi acolhido por 200 mil pessoas. O dobro - cerca de 400 mil pessoas ou até um pouco mais - participou da missa no domingo, dia 20, realizada no hipódromo de Randwick. Participaram da jornada cerca de 225 mil jovens, dos quais 125 mil da Austrália e os outros 100 mil provenientes do resto do mundo. O lema do encontro foi "Recebereis uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas” (Atos 1, 8). O papa Bento XVI inovou na comunicação com os jovens. Se, até agora, o papa comunicava-se com seu povo por meio de encíclicas, cartas apostólicas, exortações, discursos oficiais, neste encontro, o papa usou um novo meio: o SMS ou torpedo, como são conhecidas no Brasil as mensagens enviadas por celular. Todo dia, Bento XVI, assinando o torpedo com a sigla BXVI, enviava mensagens aos participantes, convidando-os a viver o lema da jornada. No primeiro dia, ele escreveu: “O Espírito Santo é o principal agente da história da salvação; deixe-o escrever também a história de sua vida - BXVI”. A cidade de Sidney, futurista e secularizada, deixou-se envolver pelo entusiasmo dos milhares de jovens e por um papa que rompe protocolos e preconceitos, surpreendendo com um carisma todo próprio que não imaginávamos que ele tivesse.

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