quarta-feira, 2 de abril de 2008

Muçulmanos na Europa: entre a barbárie e o diálogo

Um curta-metragem produzido na Holanda contra a violência dos integralistas islâmicos criou forte polêmica na Europa e no mundo. No filme, realizado pelo deputado holandês Geert Wilders, evidenciam-se trechos do livro Sagrado do Alcorão que incitam à violência e morte dos infiéis. Aparecem também as cenas trágicas dos atentados das Torres Gêmeas, das cidades de Madri e Londres, além de diálogos com criancinhas muçulmanas já instruídas ao ódio e preparadas ao sacrifício. Diante das tantas ameaças dos integralistas islâmicos, o governo holandês posicionou-se contra a iniciativa do deputado Wilders. Contudo, se podemos nos interrogar se a divulgação do filme foi ou não oportuna, as declarações do deputado Wilders merecem atenção. Ele afirma não estar contra todos os muçulmanos, mas apenas contra aqueles extremistas islâmicos que transformaram o Alcorão em um livro de guerra e ódio. Wilders denunciou o governo holandês por não tomar posição contra o avanço de um processo de islamização da Holanda.

Por ser um país que sempre defendeu a multiculturalidade, a Holanda abriu, sem reservas, num primeiro momento, suas portas aos imigrados muçulmanos provenientes da Indonésia e, num segundo momento, aos do Marrocos e Turquia. A presença dos muçulmanos no país cresceu visivelmente, representando hoje 9% da população total.
A liberdade concedida pelo governo e o atual momento de relativismo cultural dos holandeses permitiram o crescimento da cultura muçulmana no país, que hoje é considerada, pelo deputado Wilders, como uma ameaça cultural para a Holanda. Em 2004, um diretor de cinema, Theo Van Gogh, foi brutalmente morto por um extremista muçulmano por causa de um filme contra a submissão das mulheres muçulmanas. O extremista declarou ter agido sob a orientação da frente fundamentalista internacional que havia sentenciada a morte do holandês. A protagonista do filme, uma ex-muçulmana também ameaçada de morte, refugiou-se nos Estados Unidos, onde vive atualmente. O deputado Geert Wilders e sua família estão na lista negra dos fundamentalistas islâmicos, obrigados a mover-se sob escolta. Vários protestos estão sendo organizados por fundamentalistas do mundo islâmico ameaçando retaliações. Contudo, é interessante sublinhar a posição dos muçulmanos moderados que, diante de tal filme, não somente não acusaram o deputado, mas pediram aos irmãos muçulmanos mais aguerridos de manter a calma. Vários muçulmanos que vivem no Ocidente não concordam com a política de morte dos fundamentalistas e lutam pelo reconhecimento do que julgam ser o verdadeiro islamismo, que seria caracterizado pela fraternidade e liberdade. Infelizmente, porém, a posição dos muçulmanos moderados passa quase que despercebida enquanto o fundamentalismo ocupa as primeiras páginas dos jornais.
Na noite de Páscoa, o papa Bento XVI batizou, entre mais de 50 novos cristãos, também um muçulmano que aderiu ao cristianismo, o que também provocou a ira dos fundamentalistas islâmicos que descrevem o pontífice como “fomentador de ódio e violência”. O neoconvertido se chama Magdi Cristiano Allam, vice-diretor do jornal italiano “Corriere della Sera”. Magdi Allam, também na mira dos integralistas islâmicos, publicou uma carta onde explica as razões de sua conversão ao cristianismo, denunciando as dificuldades que muitos muçulmanos encontram quando decidem pela conversão ao cristianismo. Isto não somente no mundo islâmico, mas, também, no âmbito da própria Igreja Católica que, por medo de retaliações dos muçulmanos contra os cristãos, às vezes se recusa a aceitá-los. A liberdade de conversão (mudança de religião) deveria ser garantida por todos os países e todas as religiões.

Algumas silenciosas iniciativas em favor do diálogo entre as religiões dão esperança. Dentre elas, os recentes colóquios entre Bento XVI e o rei Abdallah, da Arábia Saudita. Aliás, foi a primeira vez que um monarca saudita visitou um papa no Vaticano.Uma visita ao mundo da diplomacia.

3 comentários:

Raed disse...

No momento em que os povos que adotam o islam por religião deixarem de ser invadidos, o terrorismo consequentemente perderá força e deixará de existir. A solução para acabarmos com o terrorismo é começarmos a encará-lo como CONSEQUENCIA de um processo de colonização e ocupação ocidental sobre os povos islâmicos, e não como CAUSA dos problemas entre o ocidente e o oriente.

Rodrigo Kilca disse...

Prof. Anna Carletti
um ótimo artigo para um assunto super complicado, infelizmente as diferenças entre as religiões existentes são expressivas, e muitas delas as vezes absurdas! de acordo com a definição, Muçulmano deriva da palavra árabe muslim (plural, muslimún), particípio ativo do verbo asmala, designando "aquele que se submete". sendo assim muitas vezes por acreditar em sua escritura sagrada, o Alcorão, e seguir "a risca" todos os ensinamentos religiosos do profeta Maomé (Muhammad, o Muçulmano em geral já é conhecido por ser um povo as vezes descontrolado e restrito apenas aos seus ensinamentos, se tornando muitas vezes perigoso. Um exemplo citado no artigo e que comprova que esse perigo é real foi a morte de Theo Van Gogh, brutalmente morto por um extremista muçulmano. Esses grupos extremistas são responsáveis por muitos ataques em todo o mundo, e devido a eles, toda a população muçulmana acaba pagando por isso pois existe uma opressão mundial contra seus princípios. Mas como mostra o artigo, ouve um encontro entre o papa Bento XVI e o rei Abdallah, da Arábia Saudita, e são fatos como este que encorajam a idéia de se manter mais relações entre diferentes etnias e religiões destintas, pois são estas relações que garantirão a paz mundial futuramente.
Rodrigo L. Kilca

Vinícius Machado Aluno de R.I. disse...

Muito bom o artigo,visto que expõe uma visão sempre omitida pela mídia,que faz questão de mostrar que todos os muçulmanos são maus,terroristas e radicais.
É muito importante para um aluno de R.I. ver os dois lados do conflito e perceber que existem pessoas que defendem a religião correta,e não a imposição defendida pelos frupos extremistas.