quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Diálogo sul-sul - Brasil, Índia e África do Sul

O presidente Lula participará hoje, dia 15 de outubro, junto com o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, e com o novo presidente da África do Sul, Kgalema Motlanthe, da III Cúpula do Fórum de Diálogo Índia-Brasil e África do Sul (IBAS), que se realizará na capital indiana, Nova Déli. Este importante Fórum de Diálogo, que envolve três países localizados no hemisfério sul, foi formalizado pela “Declaração de Brasília”, emitida em 6 de junho de 2003 pelos Chanceleres dos três países. A proposta do IBAS visa contribuir à construção de um ordenamento internacional mais equilibrado, com maior participação do eixo sul-sul, limitando, desta forma, a dependência tradicional ao eixo norte. Outro objetivo do IBAS é potencializar a cooperação trilateral visando ao fortalecimento do intercâmbio econômico, comercial e científico-tecnológico. O terceiro objetivo do Fórum é beneficiar outros países menos desenvolvidos, por meio da criação de um Fundo de Combate à Fome e à Pobreza. Projetos de ajuda em favor da Guiné-Bissau e Haiti já estão sendo desenvolvidos.

A Índia, o Brasil e a África do Sul são países certamente muito diferentes do ponto de vista histórico e cultural, mas que apresentam também numerosos fatores de aproximação: os três possuem governos democráticos; são potências regionais que trabalham para aumentar sua participação internacional; os três sofrem com profundas desigualdades sociais, o que estimula a aceleração de seu crescimento econômico; possuem parques industriais consolidados, elementos básicos de cooperação nas áreas de ciência e tecnologia.

Os Chefes de Estado e Ministros do Fórum já se encontraram duas vezes: a I Cúpula se realizou em Brasília, em 2006; a II, no ano seguinte, na África do Sul.

Para esta III Cúpula foram criados 16 grupos de trabalho envolvendo, entre outras, as áreas de administração política, energia, mudanças climáticas. Também participam do Fórum, empresários, parlamentares, intelectuais para que o diálogo trilateral envolva efetivamente todos os setores da sociedade. Está prevista a assinatura de nove acordos de cooperação trilateral nas áreas de meio ambiente, turismo, propriedade intelectual, ciência e tecnologia, assentamentos humanos, igualdade de gênero, normas e regulamentos técnicos, transporte marítimo e aviação civil. Após a conclusão da III Cúpula, deverá ser divulgada uma carta conjunta sobre grandes temas atuais, como o da crise financeira internacional e o da reforma da ONU.

Os três países lutam pela ampliação dos lugares permanentes no Conselho de Segurança da ONU, reservados, até hoje, somente a 5 países: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China. Os atuais candidatos aos assentos permanentes são: Índia, Brasil, Alemanha e Japão. A África do Sul não conseguiu ter ainda o consenso do continente africano para lançar sua candidatura. A escolha do Brasil como candidato ao Conselho de Segurança da ONU é símbolo do reconhecimento do status internacional alcançado pelo país. O crescimento da atuação internacional do Brasil deve-se ao empenho dos dois últimos presidentes: Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. FHC inaugurou uma política externa de tipo presidencial (presidente protagonista) - que saiu dos moldes do projeto nacional-desenvolvimentista -, priorizando a integração sul-americana e a busca de cooperação multilateral. O presidente Lula tem o mérito de ter dado uma nova dimensão à diplomacia brasileira, ampliando suas relações fora dos circuitos tradicionais EUA-União Européia, e buscando parceiros entre países emergentes como China, Índia, África do Sul, países do Oriente Médio, etc. O Brasil é reconhecido como interlocutor de respeito nos círculos diplomáticos e empresariais, interlocutor que busca os próprios interesses nacionais, mas sem abrir mão dos princípios éticos que deveriam nortear as relações internacionais.

Um comentário:

aminglenci disse...

Muito interessante a matéria. Realmente o Brasil precisa diminuir essa dependência dos EUA e da União Europeia, e não há melhor forma para faze-lo do que se unir a outras nações que possuem os mesmo problemas que o nosso país.
A formação de novos grupos internacionais equilibra a economia e abre novas portas para o desenvolvimento.