quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Fórum Ásia-Europa - em busca de uma solução para o caos internacional

A crise financeira internacional está contagiando economias de vários países. Presidentes e chefes de governo tomaram medidas preventivas para atenuar os efeitos colaterais da crise americana. Julgando, porém, não ser suficiente agir isoladamente, presidentes e chefes de governo de 43 países reuniram-se nos dias 24 e 25 de outubro em Pequim - 7ª Cúpula da Ásia-Europa (ASEM) - para discutir como enfrentar a atual crise financeira e como colocar bases seguras para dificultar o surgimento, no futuro, de crises semelhantes.

A criação da ASEM (Asia-Europe Meeting) deve-se à proposta do Primeiro-Ministro de Cingapura, Goh Chok Tong. A Cúpula reuniu-se pela primeira vez em 1996, na capital da Tailândia, Bangkok, com o objetivo de fortalecer as relações entre Ásia e Europa no contexto das mudanças internacionais da década de 1990. Naquele período, de fato, estavam formando-se blocos econômicos regionais na Ásia (com a criação da APEC), na América do Norte (com a NAFTA), e na Europa, com o fortalecimento do processo de integração européia. Contudo, as relações da Europa com a Ásia eram quase que inexistentes. Para fortalecer tais relações e contrabalançar a influência dos Estados Unidos na Ásia e na Europa, os países asiáticos buscaram uma aproximação com a União Européia. Desenvolveu-se, desta forma, um espaço de diálogo profícuo, promotor de um melhor entendimento cultural entre seus povos e de relações mais estreitas no âmbito político e econômico. Compõem a ASEM os Chefes de Estado e/ou de governo dos países da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), da China, da República da Coréia, do Japão e dos países da União Européia. Eles reúnem-se de dois em dois anos, alternadamente na Ásia e na Europa. Este ano, Pequim, após ter sediado com sucesso os Jogos Olímpicos, teve a possibilidade de acolher mais uma vez os governantes dos países da Ásia e da Europa, confirmando seu papel ativo no âmbito internacional. O governo chinês presidiu a 7ª Cúpula juntamente com o governo francês, presidente de turno da União Européia. A China escolheu como tema prioritário das discussões a crise financeira internacional, mas não descuidou de temas igualmente importantes como o das mudanças climáticas, que foi objeto de um dos três documentos aprovados neste Fórum. Outros temas de discussão foram: as relações entre Ásia e Europa; a violação dos direitos humanos no Mianmar (antiga Birmânia); a desnuclearização da Coréia do Norte; a reconstrução do Afeganistão; o diálogo com o governo iraniano. Em relação à crise internacional, a 7ª Cúpula propôs a criação de uma associação mundial que reúna governos, setor privado, sociedade civil e outras instituições internacionais, e que desempenhe função de coordenação e cooperação neste setor. Unânime o pedido de maior transparência e maior controle do sistema financeiro global, com a supervisão severa das ações dos protagonistas financeiros.

No seu discurso de conclusão, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, ressaltou a necessidade de uma maior regulação financeira para assegurar a estabilidade: “Precisamos de uma economia virtual saudável que possa dar apoio à economia real. Os problemas da economia virtual não podem afetar o desenvolvimento da economia real”. No seu discurso, Wen Jiabao declarou também que “a China está pronta a cooperar de forma pragmática com os outros países em busca de soluções para enfrentar a atual crise”. Na sua mensagem conclusiva, o presidente francês Nicolas Sarkozy antecipou que, na próxima reunião do G-20, em Washington, serão tomadas decisões conclusivas em relação à crise financeira internacional. Neste sentido, a 7ª Cúpula da ASEM, mesmo não sendo um fórum negociador ou de solução de problemas, foi um instrumento válido na construção de consensos preciosos em preparação do meeting do G-20, dia 15 de novembro próximo em Washington.

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